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Gripe e resfriado podem ser ameaças para pessoas com doenças crônicas
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O inverno é um período marcado por temperaturas mais baixas, além da baixa umidade do ar, que fica mais seco. Geralmente, pessoas que têm doenças respiratórias sofrem com as vias aéreas ressecadas e têm maior dificuldade para respirar. Nessa época, as pessoas ficam mais propensas a ter gripes e resfriados, porque costumam ficar em ambientes fechados e sem ventilação por muito tempo, devido ao frio. Assim, os pacientes com doenças respiratórias crônicas, como asma e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), têm maior chance de ter crises, caracterizadas pelo agravamento dos sintomas e maiores chances de hospitalização e impactos na qualidade de vida.
O diretor da Comissão de Infecções Respiratórias da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia, Dr. Mauro Gomes, explica os principais sintomas da DPOC: “Cansaço excessivo, falta de ar, tosse frequente e catarro podem ser indícios da DPOC, caracterizada por duas patologias diferentes. A bronquite, que é inflamação dos brônquios, e o enfisema pulmonar, responsável pela destruição de células do pulmão”. A condição é causada principalmente pelo tabagismo e atinge pessoas acima de 50 anos, o que faz com que a DPOC tenha um diagnóstico difícil, uma vez que os sintomas são comumente confundidos com sinais de envelhecimento. “Muitos pacientes acreditam ser normal envelhecer com falta de ar e limitações na rotina e acabam demorando para procurar um pneumologista”, comenta o Dr. Mauro. Em 2010, o número de pacientes com a doença no Brasil era de cerca de 7 milhões, segundo o Ministério da Saúdei.
Gripes e resfriados são doenças que podem representar um perigo para o estado de saúde de pessoas que sofrem com doenças respiratórias crônicas. Isso ocorre porque elas causam impactos no sistema respiratório do paciente, como maior produção de catarro e coriza, que já é mais debilitado do que o de uma pessoa saudável. No caso dos pacientes com DPOC, os sintomas são agravados, porque essas doenças oportunistas fazem com que o organismo mobilize as células do sistema imunológico para combater essas doenças, fragilizando o paciente.
Para evitar essas maiores complicações, o Dr. Mauro Gomes reforça a importância do tratamento contínuo: “o uso de medicamentos broncodilatadores é importante para manter a doença sob controle. Um dos exemplos é o tiotrópio, que reduz o risco de exacerbações moderadas a graves da DPOC. Com o tratamento, os pacientes têm 16% de redução do risco de mortalidade”. A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica é a quarta principal causa de morte no Brasil e estima-se que até 2020 se torne a terceira. Além disso, o pneumologista reforça alguns cuidados simples e importantes durante o inverno, como: evitar fechar todas as janelas, deixando o ambiente arejado; manter o ambiente limpo; usar umidificador nos ambientes fechados, principalmente no quarto.
Além de acompanhamento médico e tratamento contínuo, o especialista dá outras dicas importantes para evitar grandes complicações devido à gripe e ao resfriado. “É importante manter uma alimentação equilibrada e participar das campanhas de vacinação contra a gripe, que costumam ocorrer durante o período”, explica o Dr. Mauro. Em pacientes com DPOC, a vacinação reduz a mortalidade em cerca de 70%ii. “Por ser uma doença que afeta principalmente pessoas idosas, que tem o sistema imunológico mais fraco, é importante prevenir gripe e pneumonia”.
A prevenção das crises da DPOC é um cuidado essencial e contínuo na vida dos pacientes. O pneumologista evidencia que muitos pacientes não seguem uma rotina de tratamento e têm impactos no dia a dia, com limitações na respiração e nas atividades básicas. “Pessoas que apresentam doenças crônicas e suas famílias devem estar atentos aos sinais de piora e precisam procurar um médico para realizar tratamento contínuo e ter mais qualidade de vida. Além disso, deve-se evitar a exposição a mudanças de temperatura e o contato com fumaça de cigarro, poluição e outros fatores agravantes”, finaliza o especialista.
De acordo com o GOLD (Iniciativa Global de DPOC) é importante que pessoas que fazem parte do grupo de risco fiquem atentos aos sintomas e, caso haja suspeita, procurem um pneumologista imediatamente para iniciar tratamento que desacelera a progressão da doença. Existem 5 perguntas básicas que ajudam a identificar pacientes que podem ter a doença:
- Ter mais de 40 anos;
- Fumante ou ex-fumante;
- Tosse frequente;
- Expectoração ou “catarro” constante;
- Cansaço ou falta de ar ao fazer esforço, como subir escadas ou caminhar.
Referências:
i BRASIL. Ministério da Saúde. Doenças respiratórias crônicas. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. (Cadernos de Atenção Básica, n. 25) (Série A. Normas e Manuais Técnicos)
ii Zamboni, Mauro. Sociedade de Pneumologia e Tisiologia do Estado do Rio de Janeiro. Artigo Vacinação profilática em pacientes portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica. Acesso em [21.03.2017]. Disponível em: http://www.sopterj.com.br/wp-